quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Tomar a Palavra


A AMUCIP promoveu em 2006 o lançamento do livro Tomar a palavra – olhares e falas de mulheres ciganas portuguesas sobre a família e o trabalho, com o apoio da Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres. Neste livro relatam-se experiências de vida de mulheres ciganas na conciliação da vertente laboral e familiar. As entrevistadoras são mulheres ciganas que recolheram depoimentos de mulheres casadas, viúvas e solteiras da sua comunidade. O objectivo foi dar a conhecer o que pensam as mulheres ciganas sobre famílias e tradições, movimentos e territórios, trabalho e escola, deixando ainda mensagens a ciganos e não ciganos, revelando pessoas marcantes nas suas vidas, discriminações sentidas pelos não ciganos e desigualdades que enfrentam todos os dias no seio da sua própria comunidade.


Aqui fica um cheirinho dos tesouros que moram dentro deste livro, através da transcrição da sua introdução.


“As circunstâncias históricas tiveram um papel decisivo na vida dos ciganos, com uma constante perseguição. E se esta não foi a causa única, muito contribuiu para que os ciganos se entregassem dia após dia, ano após ano, a uma luta pela sobrevivência, levada a cabo com o mínimo de interferência na vida da sociedade maioritária.”

O cigano vive num mundo “só dele”…

O mundo dos “Senhores” não lhe interessa, pois vive em função da sua comunidade…

Não se discute política na comunidade cigana, pois os ciganos não se regem por “Leis dos Senhores”, mas sim pelas suas.

A única coisa que se discute do “Mundo dos Senhores” é o futebol.O homem, porque a mulher não.

Dando seguimento a um “sonho” iniciado há seis anos atrás pelas sócias fundadoras da AMUCIP, através deste livro de “histórias de vida”, demos oportunidade às mulheres ciganas de “tomarem a palavra”, ouvindo, sentindo, entendendo mentalidades que fazem parte da nossa realidade, mas com formas diferentes de dizer e de sentir.

Ao dar oportunidade a estas mulheres de falarem dos seus sentimentos com outras mulheres da sua comunidade, não só lhes é transferido o poder – pelo envolvimento na discussão, na reflexão e na apropriação das problemáticas – como se dá a compreender à sociedade maioritária como decorre a vida quotidiana da mulher cigana, no seu grande empenhamento quer na vida familiar quer profissional, que começa muito cedo na sua vida, ainda em casa dos pais.

Dêmos-lhe então a palavra…


Sobre a AMUCIP e o seu trabalho:


http://www.principioactivo.com/equal_news/fevereiro08_foco/emfoco4.htm

http://www.ciga-nos.pt/Default.aspx?tabindex=8&tabid=15

http://www.tsf.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=891748



(aceitam-se contribuições para fazer crescer a lista de links sobre a AMUCIP)

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