quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Não há longe, nem distância...


Em Maio de 2006 aconteceu-me o Encontro Internacional do Nómada, uma história inesquecível de aprendizagens e cumplicidades com Outr
os diferentes de mim, e que será aqui um dia contada. A Myrna voltou a reencontrá-los há pouco tempo. Desafiei-a a partilhar connosco esta sua história. É o que transcrevo abaixo. Com inveja... Da boa!!! ;)





"Em Dezembro de 2002, fui convidada pelo Centre de Recherches Tsiganes de Paris, na pessoa de Jean Pierre Liégeois (e por sugestão do então ACIME, na pessoa da Drª Helena Torres) para participar num colóquio europeu sobre a formação de docentes que trabalham com ciganos. Nesse encontro encontrei a Elisabeth Clanet (professora e historiadora poliglota), Ana Gimenez (cigana gitana e professora universitária em Barcelona), o Vincent Ritz (cigano manouche francês, mediador e formador, conhecido por Nara), o Michael Rigolot (professor francês do CASNAV de Besançon e conhecido pelo brasileiro e que trabalhou em Moçambique) e o Alain Montaclair (cigano rom e professor universitário de Besançon). Fiquei com a pulga atrás da orelha…




Em Julho de 2003, fui novamente convidada pelo mesmo organismo a participar na Universidade de Verão, sobre a mesma temática, em Dijon…Desta v
ez, fiz-me acompanhar da Olga Mariano da AMUCIP…Foram 8 dias deliciosos, de uma intensidade de trabalho e de partilha de cumplicidades e emoções que deixaram marcas profundas, ao reencontrarmos amigos… Em Abril de 2004, reencontrámo-nos, alguns de nós, num encontro organizado pelo CASNAV de Amiens e, nesse mesmo ano, em Julho, reencontrámo-nos todos em Talavera de la Reina, noutro Congresso Internacional, sobre a mesma temática…





Em Maio de 2006, desafiei-os a vir a Portugal, para participar no I Encontro Internacional do Nómada II, realizado com o apoio do então ACIME e da Câmara Municipal de Setúbal (com a presença e apoio insubstituível do Espaço Aberto e de La Payita).





Em Dezembro de 2008, fomos novamente desafiadas, a Olga e eu, a participar num colóquio europeu sobre a problemática das comunidades ciganas na Europa, organizado por IUFM e CASNAV de Besançon, instituições onde o Michael Rigolot e do Alain Montaclair trabalham…Sempre presente a alegria do reencontro, à memória as cumplicidades vividas juntos e sobretudo as problemáticas e perspectivas sobre intervenção com comunidades ciganas que partilhamos.





Desta vez, além do colóquio de 3 dias (http://colloqueroms.fcomte.iufm.fr/), prolongámos a nossa estadia por mais 3 dias, a Olga e eu, pernoitando em casa de uns e de outros (Jean-Pierre, Anne Marie, Marise, Marie Claire), todos professores que trabalham com “Les voyageurs” (incluindo as comunidades ciganas), visitámos as “Classes d’Accueils des Enfants du Voyage” (classes trampolins nas escolas do 1º ciclo e dos 2º/3º ciclos) e visitámos as “Écoles du Voyage” (camiões escola) http://gensduvoyage70.fr/index.php?rbr=10&s_rbr=21 que seguem as crianças nos seus “Aires de Stationnement” (parques nómadas).





Tivemos também oportunidade para fazer um brinde com licor de Cassis, ver nevar, comer fondue de queijo, ouvir e ver um espectáculo de fusão musical (entre o Jazz Manouche e a música Rom do Kosovo, cantando, entre outros temas o hino do Povo Roma “Gelem Gelem”). E, mais uma vez, alimentaram-se amizades, trocaram-se perspectivas e experiências, construíram-se cumplicidades. E despedimo-nos com um “Au revoir”, isto é, até à próxima…

Mas ficou-nos um sabor amargo na boca, sentindo a mágoa de, mais uma vez, termos consciencializado que a problemática das comunidades ciganas é, se não à escala mundial, é-o à escala europeia sem dúvida, a de um povo que continua a ser o mais mal tratado e desprezado, apesar de serem já 10 milhões de cidadãos europeus…"

Myrna

2 comentários:

Anónimo disse...

À distância

À distância de um sussurro
A palavra não se escuta
À distância de um olhar
A lágrima não se vê
À distância de um beijo
A carícia não se sente
À distância de um abraço
O laço não se estreita


À distância duma separação
Sente-se o sopro que fala
À distância dum afastamento
Escuta-se a palavra que se solta
À distância duma ausência
Aperta-se o abraço que envolve
À distância duma delonga
Escuta-se o coração.

E é assim que
Do longe se faz perto e do perto longe
Da distância se faz presença e da presença distância.
Será fingir? Será pudor? Será dor? Será amor?
Que contradições! Que complexidade! Que confusão! Que mistérios!

Mirna Val-do-Rio

Anónimo disse...

Voltámos...!
Como é bom voltar no tempo.
Que andanças!
Que mudanças,
Numa lacuna sem vida.
O reencontro
Da amizade, do carinho, da saudade
Quais belos três mosqueteiros
Quais damas abandonadas
Num tempo que não contou
Que nem me lembro de nada
Duma volta tão esperada
Sonhos na caixa fechada.
Au revoir, à bientôt.

01/12/08
Olga Mariano