Não me deixa de impressionar como em Democracia, os ânimos se exaltam tanto, quando a comunicação social mete o nariz. É um poder, sem dúvida. Até lhe chamam o 4.º poder. ‘Gosta’ de escândalos é verdade, de grandes manchetes, alguns especializam-se em notícias sensacionalistas (os tablóides ingleses são peritos nesse jornalismo agressivo). Querem ‘sangue’, ‘contentores a arder’, motins, conflitos... para explorar, infelizmente, até à exaustão dos espectadores e leitores.
Mas muitos conflitos seriam esquecidos e histórias nojentas como as da Casa Pia ficariam ‘escondidas’ e silenciadas por todos os que pactuaram com o impensável, se não fosse a comunicação social.
Podem dizer…’mas esses são os bons jornalistas’. Mas depois de uma grande jornalista ter feito jornalismo de investigação (difícil de executar em Portugal porque é caro e os tempos são de penúria)… muitos outros jornalistas, bons e menos bons, pegaram e vasculharam, contaram a história aos seus leitores, aos seus ouvintes e espectadores. Calculo que isso tenha incomodado muito e muitas vezes os dedos apontaram-se acusadores para a comunicação social. O problema não é o horror da história que se conta, mas os erros da abordagem jornalística.
É verdade que o circo mediático, nestes tempos de Internet, jornalismo do cidadão, de informação ao segundo, canais de notícias a ‘informar’ 24 horas por dia, sete dias por semana, num país tão pequeno como Portugal, trouxe um jornalismo mais agressivo, histórias contadas vezes sem fim.
Sem dúvida que às vezes as regras deontológicas são atropeladas e quase todos já assistimos a essa grande pergunta em directo a um desgraçado que vê a casa a arder nos inevitáveis incêndios de Verão – “Como é que se sente?”.
Ocupam-se directos sem história, vazios de informação útil… é verdade. Tudo isso é verdade.
Mas também é verdade que vivemos em Democracia e temos o direito, e o poder, para escolher. Podemos escolher o canal que queremos ver, desligar um jornal televisivo com uma abordagem idiota ou sensacionalista, ou optar por uma revista ‘séria’ ou um jornal bem feito. Porque os há por cá também. A Visão fez um artigo bem feito, na minha óptica, mostrando pessoas do bairro, sem esquecer o facto (e factos é aquilo que um jornalista deve relatar) que se incendiaram contentores e carcaças de carros.
Escolhemos músicas, grupos, filmes, destinos e como tudo o resto é também necessário escolher o que queremos ler.
Mas o problema na Bela Vista, e outros bairros sociais, não é definitivamente do circo mediático que ‘aterrou’ por uns dias nas ruas do bairro. E isso, acho que todos os técnicos que lá trabalham, sabem.
Perdoem-me, mas prefiro, uma comunicação social a ‘meter o nariz’ onde não é chamada e a incomodar, do que o silêncio politicamente correcto, histórias abafadas (que as há aos milhares) por uma comunicação social domesticada.
Creio que em outros tempos, não saberíamos do protesto da Bela Vista (nem sei se haveria protesto), nem do Toninho (creio que era o nome) tinha sido morto num assalto no Algarve. Será que seria assim tão bom, para o bairro e para nós, não haver circo mediático?
Isa
Mas muitos conflitos seriam esquecidos e histórias nojentas como as da Casa Pia ficariam ‘escondidas’ e silenciadas por todos os que pactuaram com o impensável, se não fosse a comunicação social.
Podem dizer…’mas esses são os bons jornalistas’. Mas depois de uma grande jornalista ter feito jornalismo de investigação (difícil de executar em Portugal porque é caro e os tempos são de penúria)… muitos outros jornalistas, bons e menos bons, pegaram e vasculharam, contaram a história aos seus leitores, aos seus ouvintes e espectadores. Calculo que isso tenha incomodado muito e muitas vezes os dedos apontaram-se acusadores para a comunicação social. O problema não é o horror da história que se conta, mas os erros da abordagem jornalística.
É verdade que o circo mediático, nestes tempos de Internet, jornalismo do cidadão, de informação ao segundo, canais de notícias a ‘informar’ 24 horas por dia, sete dias por semana, num país tão pequeno como Portugal, trouxe um jornalismo mais agressivo, histórias contadas vezes sem fim.
Sem dúvida que às vezes as regras deontológicas são atropeladas e quase todos já assistimos a essa grande pergunta em directo a um desgraçado que vê a casa a arder nos inevitáveis incêndios de Verão – “Como é que se sente?”.
Ocupam-se directos sem história, vazios de informação útil… é verdade. Tudo isso é verdade.
Mas também é verdade que vivemos em Democracia e temos o direito, e o poder, para escolher. Podemos escolher o canal que queremos ver, desligar um jornal televisivo com uma abordagem idiota ou sensacionalista, ou optar por uma revista ‘séria’ ou um jornal bem feito. Porque os há por cá também. A Visão fez um artigo bem feito, na minha óptica, mostrando pessoas do bairro, sem esquecer o facto (e factos é aquilo que um jornalista deve relatar) que se incendiaram contentores e carcaças de carros.
Escolhemos músicas, grupos, filmes, destinos e como tudo o resto é também necessário escolher o que queremos ler.
Mas o problema na Bela Vista, e outros bairros sociais, não é definitivamente do circo mediático que ‘aterrou’ por uns dias nas ruas do bairro. E isso, acho que todos os técnicos que lá trabalham, sabem.
Perdoem-me, mas prefiro, uma comunicação social a ‘meter o nariz’ onde não é chamada e a incomodar, do que o silêncio politicamente correcto, histórias abafadas (que as há aos milhares) por uma comunicação social domesticada.
Creio que em outros tempos, não saberíamos do protesto da Bela Vista (nem sei se haveria protesto), nem do Toninho (creio que era o nome) tinha sido morto num assalto no Algarve. Será que seria assim tão bom, para o bairro e para nós, não haver circo mediático?
Isa
2 comentários:
Penso que ninguém discorda que a democracia e a liberdade são valores não só a manter como a estimular (sim, que andam um bocadinho mancos...).
Mas neste caso da Bela Vista, como noutros, o que me incomoda é o facto da Comunicação Social ir ao ponto de inventar realidades. E se elas não existem, trata-se de fazê-las acontecer. E isso, quanto a mim, é absolutamente imperdoável. Na verdade é criminoso.
Mas se pensarmos mais fundo, a tal democracia em que vivemos fecha os olhos aos interesses que a comunicação social serve ao produzir realidades. Sim, porque todos estes circos não servem apenas para aumentar audiências e vender jornais. Quem nos dera que fosse só isso. Sem querer entrar em teorias da conspiração, não tenho grandes dúvidas que todos nós, inclusive o 4º poder, somos marionetas na mão da meia dúzia de pessoas que controlam a nossa democracia e nossa liberdade.
É essa a nossa triste realidade.
É evidente que a liberdade de escolha (do canal a ver, da revista a ler, ou de outra coisa qualquer) e a liberdade de expressão, são dois vectores essenciais num país que se quer democrático. Usar a liberdade de expressão para manipular opiniões, conhecendo de antemão o poder que se tem sob milhares de pessoas, é que é altamente perigoso!
É, por isso, que criticamos o jornalismo que se fez nos últimos tempos acerca do Bairro da Bela Vista. Porque sabemos que retratou uma realidade que existe, mas a mostrou de uma forma tendenciosa, escandalosa, e como se fosse a única vertente daquela realidade. Onde está a isenção e neutralidade que se exige num jornalismo de qualidade?
Não é propriamente a mesma coisa do que se fosse eu a "pintar" a história dessa forma junto do meu vizinho de baixo. São profissionais do tal "quarto poder" que o estão a fazer, manipulando e denegrindo (ainda mais) a opinião que milhares de pessoas já têm sobre Setúbal, e sobre a Bela Vista em particular.
Não me alargo mais, mas não quero deixar de te felicitar pelos textos que tens vindo a publicar.
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