quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Um Olé! com Duende para tod@s

E enquanto o Duende vem e não vem para a próxima história... E porque fui surpreendida hoje pelo Duende de outra pessoa...

Tenho agradecido aqui e ali o feedback que vou recebendo do(a)s leitore(a)s deste Caderno. Que o vão fazendo aqui publicamente ou pessoalmente. Vou agora agradecer como deve ser, com a reverência que merecem.

Os vossos comentários levam estas histórias além. Porque lhes acrescentam sempre mais qualquer coisa. Porque me desafiam a escrever sobre temas que não me tinham ocorrido. Porque é gratificante perceber que estas coisas interessam, que geram aprendizagens para outro(a)s e para mim, que induzem reflexão. E, sobretudo, porque geram solidariedades e cumplicidades.

Gracías! Um Grande Olé para todo(a)s! Com Duende!

E agora deixo-vos com um comentário que recebi hoje, anónimo. Não sei de quem é, e talvez isso não tenha importância (a não ser para a desgraçada da minha curiosidade... Que me mata!!!). Escrito com Duende. Escrito por quem sabe/entende o que é ser visitado pelo Duende... Olé!!!


"Últimos preparativos no camarim improvisado, num corrupio contra o tempo. Tic-tac... Tic-tac. Um retoque final na maquilhagem. Tic-tac. Já falta pouco tempo. O coração agita-se e marca o ritmo. Pum-pum... Pum-pum.... Preparam-se para o receber.
Tudo pronto. Tic. É hora! Tac. Dirigem-se ao palco com os nervos a aflorar a pele. Tic-tac... Pum...pum...
“- Será que ele vem?” Pum-pum... Pum-pum.... Pisam o tablao. Tomam as suas posições. Fitam o chão. “- Deve estar a chegar?” Pum-pum... Inspiram um último fôlego, um último trago de coragem. Descolam o olhar do chão e colam-no ao público que aguarda. Pum! É o momento!
Erguem os braços e os seus olhos acompanham esse movimento, uma súplica aos céus para que ele chegue rapidamente, para que as inspire naquele momento. “- Vem depressa. Aqui te aguardamos.”
O coração continua a entoar o seu cântico dentro do peito. Pum-pum... Pum-pum... Pum-pum...Pum-pum... Ao som das guitarras, inicia-se a dança e os golpes fazem gemer o tablao que estremece sacudido pelo vigor dos daquelas chamamento compassado: Pam-pam! Pam-pam! Porque é disso que se trata, de um chamamento, de uma invocação! E de repente, sentem-no! Aí está ele! E todo ele é vermelho e negro. Vermelho fogo, vermelho sangue, vermelho paixão; negro morte. Fogo que aquece o sangue e inflama paixões. Paixões que são a vida e que são a morte.
E ele sobe como uma brisa, gira em torno delas em volteios de vento e rodopios de furacão. Cola-se à sua pele, entranha-se nela, fazendo de cada poro porta de entrada e incendeia-lhes o sangue.
Pum-pum... Pum-pum... Pum-pum... Grita o coração dentro do peito embriagado em labaredas rubras de excitação.
Ele olha-as. Elas sentem-no. Elas olham-se. “- Ele está entre nós. Ele está em nós!” E todos unidos nessa cumplicidade, fundidos numa só alma, continuam a sua dança, vermelha de Amor exaltado pela Paixão. Pam-pam... Pam-pam... Pam! Golpe final, no tablao. Estocada final, negra.


Ele olha-as e esboça um sorriso. É hora de partir. Tic-tac. Chamam-no noutro lugar. Elas sentem-no partir, olham entre si e erguem as mãos aos céus num agradecimento esticando os dedos como que tocando as estrelas, como acariciando aquele que há-de regressar. Elas sabem que sim."

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